O Governo da RAEM incorporou as finanças verdes como uma das áreas prioritárias do desenvolvimento financeiro moderno de Macau. Com vista a aprofundar o conhecimento do sector sobre o desenvolvimento desta área e a proporcionar uma plataforma de intercâmbio para pessoas interessadas em expandir os seus negócios no âmbito das finanças verdes, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM), a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) e a Associação de Bancos de Macau (ABM) coorganizaram recentemente o "Seminário Temático sobre Finanças Verdes e Sustentáveis", tendo o evento contado com mais de 100 especialistas e académicos internacionais e regionais, bem como representantes dos serviços públicos, dos sectores financeiro e jurídico, de instituições de serviços profissionais e da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, para discutirem em conjunto as tendências internacionais do desenvolvimento das finanças verdes e sustentáveis e as oportunidades de cooperação regional verificadas neste domínio.
Colaboração conjunta entre o Governo e o sector para promover a transformação regional verde e de baixo carbono
A Administradora do Conselho de Administração da AMCM, Lau Hang Kun, afirmou no seu discurso que, desde a assinatura, há cinco anos, da proposta intitulada “Promover conjuntamente o desenvolvimento das finanças verdes de Macau” pela AMCM, DSPA e ABM, o mercado financeiro verde de Macau tem-se tornado cada vez mais diversificado, tendo sido emitidas sucessivamente em Macau, obrigações verdes, obrigações azuis, obrigações relacionadas com a biodiversidade e obrigações “carbono neutro”, entre outras. Por sua vez, as instituições financeiras de Macau têm vindo a lançar, de forma contínua, produtos financeiros inovadores destinados aos mercados locais e regionais, abrangendo áreas como particulares, pequenas e médias empresas, infra-estruturas energéticas, tendo também sido concretizadas actividades de transferência transfronteiriça de activos de crédito verde. A AMCM está actualmente a elaborar directivas sobre a gestão de riscos climáticos e procederá à consulta pública junto do sector bancário, com o objectivo de assegurar que os bancos possam responder adequadamente aos riscos decorrentes das alterações climáticas. Paralelamente, a AMCM incentiva as instituições financeiras e empresas qualificadas a aproveitarem as vantagens institucionais de Macau e do mercado local, promovendo o desenvolvimento de serviços diversificados de investimento e financiamento sustentáveis, facilitando desta forma um alinhamento efectivo entre projectos de transformação verde e o financiamento interno e externo.
Na sua intervenção, a Chefe do Departamento de Planeamento e Avaliação Ambiental da DSPA, Chan Mei Pou, referiu que, desde a sua criação em 2009, a DSPA já estabeleceu mais de 60 diplomas legais relacionados com a protecção ambiental, abrangendo diversas áreas, incluindo a melhoria da qualidade do ar, o aperfeiçoamento da gestão de resíduos e o cumprimento de convenções internacionais, tendo também lançado várias medidas de conservação energética e redução de emissões de carbono, nomeadamente a promoção do uso de veículos movidos a novas energias, a introdução das instruções para a construção verde, bem como promovendo mais empresas a praticarem vários comportamentos de protecção ambiental e introduzindo mais tecnologias de protecção ambiental e de poupança de energia. Com base em experiências adquiridas no Interior da China e no exterior, mostra-se que as finanças verdes desempenham um papel fundamental na orientação de recursos para as indústrias verdes, contribuindo para a promoção da transformação estrutural das indústrias.
O Presidente da Associação de Bancos de Macau, Ip Sio Kai, encorajou o sector a desempenhar plenamente o seu papel como catalisador financeiro, participando activamente na transformação verde e de baixo carbono do País, promovendo, ao mesmo tempo, a modernização dos produtos e a melhoria dos serviços através da inovação. O presidente sugeriu ainda que o sector financeiro integre as finanças verdes como parte do núcleo estratégico das suas instituições, reforçando a gestão de riscos climáticos, recomendando que sejam adoptadas como referência as experiências internacionais, para assim desenvolver ferramentas de investimento e financiamento verdes com características locais, bem como produtos financeiros relacionados com o carbono, propondo ainda a construção de um ecossistema financeiro verde baseado numa colaboração aberta, integrando práticas de operação sustentável na gestão diária das instituições financeiras. Paralelamente, o mesmo sublinhou a importância da cooperação entre o Governo e o sector bancário, promovendo activamente uma articulação com os padrões internacionais, de modo a fomentar o mercado de finanças verdes e acelerar a transformação verde da economia local.
Reunindo especialistas locais e estrangeiros para discutir o desenvolvimento das finanças sustentáveis
O evento contou com a participação de especialistas da International Capital Market Association (ICMA), da Bolsa de Valores do Luxemburgo, de instituições de investigação em finanças verdes e de empresas de gestão de fundos do Interior da China. Estes especialistas partilharam as informações e perspectivas mais recentes sobre uma variedade de temas, incluindo a situação actual e as tendências do desenvolvimento das finanças verdes no País, as experiências práticas das instituições de gestão de activos na investigação e investimento em finanças verdes e na gestão de riscos climáticos, a inovação em obrigações verdes e investimentos sustentáveis, bem como as oportunidades de desenvolvimento no âmbito da transformação financeira.
No mesmo evento, a representante da Divisão de Planeamento Ambiental da DSPA apresentou as iniciativas recentes lançadas em Macau no âmbito do desenvolvimento verde e das medidas de resposta às alterações climáticas. Simultaneamente, a representante das áreas de Finanças Sustentáveis e Transformação de um dos principais bancos internacionais sediado em Hong Kong, partilhou, com base nas suas experiências práticas, como Macau pode apoiar a região e os países de língua portuguesa na realização da transformação da economia verde e de baixo carbono, através do fortalecimento das infra-estruturas financeiras corpóreas e incorpóreas.